sábado, 13 de julho de 2013

DEVANEIOS - DE VILIPÊNDIO DO OUTONO (130713)

   Fenômeno comuníssimo na natureza, para tudo e para todos, mas insuportável para o da hora.  Principalmente para os que em algum momento sentiram o cheiro da fama.  Não aceitam o desabar do ocaso, os primeiros sinais senis, e em algum momento mergulham de cabeça numa "deprée" mortífera.  Vou desfilar aqui abaixo uma relação alentada das décadas de sessenta a oitenta de fulgurantes figuras da Jovem Guarda, que marcaram e pontuaram   de saudades nossas vidas,  a sua que me lê e a minha própria.  Vocês verão o debacle, mais ou menos com dignidade, que afetou a cada um.

Tenho Cara De Antigamente, Quando Não Se Prendia A Juventude Sequer Com Tornozeleira
O BERÇO É SEMPRE SEGUIDO ADIANTE POR UMA SEPULTURA
Primavera Profusa

















    A não aceitação da marcação do perfil que o tempo impõe, tanto em homens como em mulheres, os levam, não todos, à mutilação do patrimônio que não podem esconder,   numa situação de ridículo repulsiva, e sem possibilidade de recuo.  A morte profissional é decretada por esse formidável e poderoso instrumento que é a Televisão, que muda, para o bem ou para o mal, os costumes da sociedade. Que nos dá e nos tira, como Deus, o prazer de conviver com estros de singular valor, mas sem nos consultar. Ficamos órfãos, e muitas vezes só registramos isso a longo prazo. Vejamos.

    O Rei, Roberto Carlos, cuja voz não envelheceu, mas não é mais capaz de renovar repertório.  Se a dupla RC e EC fizeram monumentos de arte em parceria, se ambos coexistem, porque não conseguem mais compor?  Morreu a fonte?  desapetitaram-se os dois?  O Roberto independe de TV, mas mesmo assim tem contrato vitalício com a rainha das TVs, que lhe poda o querer.  O prazer que nos dá ouvir esse repertório tão antigo como portentoso, dá-nos medo de assistir o fim dos mesmos, criatura e criador.

    Quantos recolhidos: Alceu Valença, Jair Rodrigues, Wilson Simonal ,Belchior, Peninha, Luiz Ayrão, Ney Matogrosso, Benito de Paula, Sula Miranda, Paulo Sérgio, Wanderlea, Gilberto Gil, Chico Buarque, Caetano Veloso, Aguinaldo Timóteo, Aguinaldo Rayol, Miltinho, Elsa Soares, Ângela Rorô, Elba Ramalho, Zé Ramalho, Amelinha, Sérgio Reis, Martinha, Vanusa, Luiz Gonzaga, Ronnie Von, Golden Boys, Márcio Greik, Roberta Miranda, Jerri Adriano, Antônio Marcos, Reginaldo Rossi, Perla, Nilton Cesar, Wanderley Cardoso, Jane e Herondi, Mpacir Franco,

Uns mortos, outros amortecidos, alguns como lobisomens em programas como o do Ratinho, expondo sua decadência sem um mínimo de amor próprio, abanando sempre o último DVD que não
  tem a menor chance de sucesso. Dá dó.  Como, se eu pudesse, eu daria cor e vida a esse cortejo de semi-moribundos de quem a TV puxou o tapete.  Que saudade, que comoção me invade a memória, de ver como esses antigos vultos são iguais à nós que envelhecem e fenecem e eu lhes daria paz e consolo, e a condição de viver do passado. tal como fazemos.


        

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